sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CRÔNICA DA SAUDADE - agosto/2011



SAUDADES DO REI


                                   Antes de morrer, Luiz Gonzaga – o nosso Gonzagão de eterna memória – tentou sintetizar, num verso, o seu nascimento e disse o seguinte:                           
                              “Meu nome é Luiz Gonzaga,/não sei se fui fraco ou forte,/só sei que graças a Deus/           inté pra nascê tive sorte,/apois nasci im Pernambuco,/famoso Leão do Norte./Nas terras do novo Exu/Da Fazenda Caiçara,/Im novecentos e doze/Viu o mundo a minha cara./Dia de Santa Luzia/purisso é qui sô Luiz/ – no mês qui Cristo nasceu -/ purisso é que sou feliz !”
                                   Nascido no dia 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, em Exu, distante mais de 600 quilômetros  do Recife, Luiz Gonzaga foi o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesús (a mãe Santana). Tendo vindo ao mundo dividido entre a enxada e sanfona, o menino cresceu, observando seu pai animando bailes e consertando velhas sanfonas, sonhando ser sanfoneiro, coisa que dona Santana não queria nem ouvir falar. Mas Luiz costumava acompanhar o pai em diversos forrós, revesando-se com ele na sanfona e ganhando seus primeiros trocados.
                                  Foi a partir de 1953 que Luiz Gonzaga passou a se apresentar trajado com as roupas típicas do sertão nordestino: na cabeça, o chapéu de couro (inspirado no famoso Virgulino Ferreira, o Lampião, de quem era admirador), no corpo, o gibão e outras peças características da indumentária do vaqueiro nordestino. Em suas mãos, como sempre, a inseparável sanfona branca – a sanfona do povo.                            
                               Intérprete de alguns dos maiores sucessos da nossa música regional, como Asa Branca, Ovo de Codorna, Boiadeiro e tantos outros, o nosso Lua, se ainda estivesse vivo, estaria com 99 anos, com idade bastante para não mais cantar em público, mas continuaria encantando a todos nós com sua sempre alegre presença.
                             Gonzagão faleceu no dia 2 de agosto de 1989, no Recife, mas enquanto viveu... enquanto esteve entre nós... enquanto participou da vida de todos os brasileiros, transformando em alegria cada uma das suas apresentações em público... e deixando, depois, como bendita herança, todas as suas músicas que tanto exaltaram o nordeste. Luiz Lua Gonzaga foi mais do que um grande cantor... um genial compositor... e um musicista perfeito... ele foi, sem dúvida, o artista que personificou o próprio Nordeste.
                            Por muitos anos ainda, o Brasil inteiro vai comemorar o dia do seu falecimento, lembrando tudo o que Luiz Gonzaga, como autor e intérprete da música popular nordestina, representou para nosso povo.
                           Símbolo da nossa gente, Gonzagão continua vivendo na saudade do nosso povo, que não consegue esquecer todos os momentos alegres que viveu ao seu lado.
                             Que sua presença seja eterna como sua música. 


                             http://www.youtube.com/watch?v=8EAOrouvLGc
 

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